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Pela 1ª vez, investidores recebem retorno de crowdfunding imobiliário no Brasil

09/08/2019 / Categorias Mercado imobiliário , Economia

(Valor Investe – Imóveis – 09/08/2019)

Júlia Lewgoy

Pela primeira vez, uma rodada de vaquinha virtual (conhecida como crowdfunding) no setor imobiliáriofoi liquidada no Brasil. Um grupo de 140 pessoas físicas investiu há três anos em um empreendimento residencial pela plataforma de investimento coletivo Urbe.me e, agora, teve um retorno de 18,7% ao ano — nada mal em tempos de taxa básica de juros, a Selic, a 6% ao ano.

Regulamentado pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), esse novo tipo de investimento em imóveis tem se popularizado no Brasil, por meio de fintechs como a Urbe.me, a Glebba e a Bloxs.

A partir de R$ 1.000, qualquer um pode participar de um financiamento coletivo e investir diretamente em empreendimentos que antes eram acessíveis somente a fundos imobiliários ou a grandes investidores.

No entanto, a aplicação é arriscada, porque a remuneração depende do sucesso das vendas e da saúde financeira da incorporadora. O retorno se baseia no valor geral de vendas do empreendimento.

Em julho de 2016, os investidores da Urbe.me, entusiastas da tecnologia e do mercado imobiliário, toparam encarar o risco e aplicaram a partir de R$ 1.000 na construção do condomínio Libres, da incorporadora Rotta Ely, em Porto Alegre. Ficou definido que o prazo do investimento seria de 36 meses. A operação captou cerca de R$ 750 mil com a venda de cotas.

O financiamento coletivo serviu para garantir cerca de 3% dos custos da obra, que agora está em fase final. O residencial vendeu 65 apartamentos, de um total de 80 unidades.

Antes de ingressarem na Urbe.me, os empreendimentos são analisados com base no histórico da incorporadora, no projeto e no preço dos imóveis sugerido.

“Menos de 4% das empresas que nos procuram ingressam na plataforma”, conta Lucas Obino, sócio-fundador da Urbe.me.

As incorporadoras procuram essas fintechs porque têm dificuldade para financiar o início das obras, já que, nessa etapa, o acesso a crédito bancário a à emissão de títulos como Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI) é escasso.

A primeira captação da Urbe.me, que inaugurou o modelo no país, ocorreu em 2015. Desde então, a plataforma já levantou R$ 46 milhões em recursos e realizou 35 rodadas de captação.

"Com a queda na taxa de juros, o mercado de crowdfunding imobiliário tende a se consolidar. O investidor que quer ganhar mais vai ter que ir para a bolsa ou para plataformas alternativas de investimento", diz Obino.

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